E quando voltaram pra casa, todas as coisas entraram em foco. Estavam sozinhos, estavam renovados e com medo. E agora? Depois de tudo o que passaram o casamento não os iria salvar. Quiseram os dois voltar atrás, pensaram em ir embora secretamente, quase que ao mesmo tempo - era tão assustador.
Sempre dividiram tudo o que tinham, mas agora era real, agora era irreversível; irreversível? Sim para eles, para os dois que recém tinham mudado suas vidas, era sim. Certas coisas marcam tão fundo, e pra quê? Pra te deixar sofrendo no fim, com as cicatrizes reabrindo, com o fervor do ódio inundando as faces, as palavras ditas, os olhares perdidos.
Tantos anos tinham-se passado, tantas vidas diferentes foram vividas em suas pequenas caixas coloridas, com seu pequeno palhaço dentro. A juventude e o amor carnal tinham ficado para trás. O que fariam agora? O amor já nem era mais o mesmo, mas continuava sendo amor. Era um amor de certa forma ainda juvenil, mas com muitas marcas do tempo. Muitas frustrações e mordidas profundas.
Os dois carregavam um fardo pesado agora, carregavam um ao outro. Não podiam desistir. Afinal em seus dedos levavam a lembrança daquele dia feliz, em que pensaram estarem salvando um ao outro. E de fato, estavam. Mas demorariam mais alguns anos para perceber isso.
Sempre quando ela precisou ele estava la, no vice-versa, nem sempre. Ela tinha mais amigos, mais compromissos, mais vida afora. Sempre fora assim.
Ele havia se apaixonado pelo jeito sincero e sem malícia dela, e ela pelo charme e confiança dele. Ambas as coisas não mais existiam. E o que ficou? Ainda poderiam estar apaixonados?
Pois estavam, ao longo dos longos dez anos juntos, foram descobrindo mais partes um do outro pelas quais podiam apaixonar-se, e assim o fizeram.
Porém o medo que surgiu na juventude os fizera cair.
E não sabiam, se a mesma coragem que também surgira quando eram jovens, ainda existia e muito menos se os ajudaria a levantar.
Pensavam os dois, secretamente, quase que ao mesmo tempo, se já não eram um só outra vez, deixando para trás o até que a morte os separe. Estavam mortos mesmo estando vivos, a chama tinha se apagado, junto com a força para reacendê-la.
Mas continuariam juntos até o fim de suas vidas, senão pelo outro, por eles mesmos. Eram a força apagada.
terça-feira, 30 de março de 2010
Abismo
E de que adiantaria viver e continuar respirando, se não fossem os abismos e as cordas bambas que muitas vezes nos seguram por um triz? Porque aqueles que mudam seus sonhos a cada momento de luz são criticados a tal ponto de desistirem de qualquer que seja o sonho - se quem sabe estivessem certos de que só o que importa é a busca e os caminhos que ela pode nos levar. Talvez eu me importe em como chegarei em algum lugar, fazendo o quê e aprendendo o quê - e não me importe que lugar seja esse.
O pote de ouro no final do arco-íris não paga aquilo que se têm de passar para chegar lá - os amigos que se faz, os amores que se sente e as lições que se aprendem. Prefiro viver sempre na ponta do abismo com medo de cair e me espatifar no escuro - na desilusão - do que já saber que tudo estará bem no final e "viver" morta. Quero é descobrir, e levar quem eu gosto junto nessa descoberta.
O outono vai trazendo suas folhas ao chão, mas eu continuo aqui, em pé, pendurada na minha corda bamba no meu abismo, lutando entre a curiosidade de cair e encontrar o que se esconde lá embaixo, ou me equilibrar e chegar até o final da corda.
Só eu que sei - mesmo que pense que não saiba.
quinta-feira, 25 de março de 2010
Bem, a gente vai crescendo mês a mês - dia a dia - e até ano a ano, e quando eu estava vazia, sem ter o que perder, sem saber que certas coisas simples importam mais que as diversas complicadas, sem me dar conta de todas as coisas boas que eu recebo, tendo alguém para cuidar e para me preocupar por, tendo alguém para se importar e chamar nas horas difíceis... enfim quando eu não tinha nada disso, nem via os meses passarem, nem via a vida passando e me deixando para trás.
Porém, tu chegaste e o que posso dizer? Cada mês, cada data, cada dia eu comemoro. Cada dia nos impulsionamos mais e mais a frente um do outro, mas nunca deixando um ao outro para trás.
Agora vejo que é assim que sonhei ter a minha vida inteira, foi essa pessoa que encontrei em ti que sonhei ter a vida inteira, eu só precisava que tu chegasse, abrisse meus olhos e me mostrasse isso. Agora que mostrou - é pra vida toda.
Eu te amo - e sempre continuará assim. E sempre estaremos juntos - mesmo que longe por uns dias.
terça-feira, 2 de março de 2010
Bem, agora tu tens um propósito na vida, seja ele qual for - ele é validado por tu ter algo a perder. E faço disso meu também.
Parei de pensar na vida como uma complicação, parei de tentar achar explicação pra tudo ou pra nada. Nada faz sentido se for analisar, então pra quê?
Só quero saber do meu propósito e de cuidar dele, só quero saber de estar contigo ...
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Nem tenho assim muito pra dizer - é só que a vida muitas vezes vai escapando pelas nossas próprias mãos e nem notamos, ou fingimos não notar para não ter de lutar contra todo o resto das conseqüências. Mas e quem não aguentaria a conseqüência de ser feliz, de ter tudo que sempre quis mesmo que o tudo seja muito pouco?
Quero é me desculpar por essa dúvida, porque o a única coisa que importa é nos segurarmos um ao outro nessa vida simples, e é isso que faremos, é isso que é nunca deixar cair.
E que venha, o que vier - para enfrentarmos juntos -mais do que nunca.
sábado, 20 de fevereiro de 2010
E faz tempo - ah se faz. Faz tempo que as palavras não pulavam assim da minha boca, ou então da ponta dos meus dedos, pra esse lugar. E que lugar? Nosso refúgio? E como ele é? Será que ainda sabemos?
Faz tempo mas certas coisas não mudam, não saem de mim. Graças a Deus, é por você que vivo tudo isso; graças a Deus que ainda é você. O tempo passa e as coisas se transformam, mas será que sua essência muda mesmo? Parece que eu ainda sinto tudo de novo, que eu ainda quero sentir, como se fosse o início. Mesma época, mesmos sentimentos? O que eu sei é que é a mesma vontade, a mesma esperança - de ser você aquele que ainda me fará querer viver e sentir as coisas, de que o caminho que tem me mostrado até aqui, seja um único pela vida toda. Mas as visões mudam,as percepções se obrigam a seguir o curso da experiência, mesmo que o coração não concorde.
Eu ainda estou aqui, vendo a chuva cair imaginariamente, sentindo uma brisa leve, que me leva a acreditar que ainda somos os mesmos, que os medos vão e vem, mas que ainda somos os mesmo apaixonados e esperançosos lá daquele primeiro início.
Talvez eu tenha que ter sofrido esse balanço, esse susto de sentir falta de alguém até doer por dentro, pra poder ver que eu não posso deixar isso mudar, não posso deixar a rotina mudar o que temos em nós. Talvez seja preciso sentir saudade como no início, para lembrar que o início nao pode ter um fim dando lugar à mesmice de algo apagado pelo tempo;
Eu ainda estou aqui, e eu ainda penso em ti cada vez que o abismo se abre abaixo de meus pés, porque eu ainda acredito que tu vá me salvar de alguma maneira, pois de maneira alguma, tu deixaste de me salvar até hoje.
Eu te amo, e sinto isso mais do que intensamente, as vezes desnecessariamente, mas sinto e amo sentir.
É , estou de volta aqui, ainda com a espera, ainda esperando conseguir correr com o tempo pra estar de volta segura em teus braços.
My origin of love, B.
Assinar:
Postagens (Atom)